terça-feira, 17 de abril de 2007

de mae para mae

Garimpado na internet:
DE MÃE PARA MÃE

Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São
Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado. Vi você se
queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e
das despesas que passou a ter para visita-lo, bem como de outros
inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura
que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente
outras mães na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais,
órgãos e entidades de defesa de direitos humanos.

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero com
ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas
que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos
domingos porque
labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto
da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que
desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.
Se você ainda não sabe, sou a mãe de um daqueles jovens que o seu filho
quase matou estupidamente num assalto a uma videolocadora por um trocado
qualquer para poder se drogar, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia
para pagar os estudos à noite. Por sorte o meu filho não morreu, mas o seu
amigo, que também trabalhava para pagar os estudos e ajudar em casa, e
que, acredite se quiser, também tinha uma mãe, morreu...
No próximo domingo, quando você estiver se abraçando, beijando e fazendo
carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e rezando para que ele
possa sair dos corredores e ser atendido logo em um hospital humilde
da periferia de São Paulo... e que as previsões dos médicos - de que ou ele
morra ou vire um vegetal - estejam erradas. (enquanto a mãe do outro jovem
nem isso pode, nem ao menos ter a esperança que eu tenho!!! A distancia que
seu filho os colocou, é agora, impossível de se atravessar.)

Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa,mas pode
ficar tranqüila viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu
querido filho queimou lá na última rebelião da Febem, tá?

Circule este manifesto! Talvez a gente consiga acabar com esta inversão de
valores que assola o Brasil!

Direitos humanos são para os humanos

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