terça-feira, 17 de abril de 2007

Roto-rooter e diabo verde

Cacetada. Acordei, coloquei a prótese, tomei café, fui trabalhar e comecei a sentir dor.Insuportável. Atendia a um paciente, corria para algum lugar, tirava a prótese, melhorava, colocava novamente e voltava a trabalhar. Dor outra vez. Então ficou intolerável. Passei os clientes de urgência para meu filho Marcelo e fui fazer exames.
já suspeitando que eu estava com um trombo na perna.O Marquinhos Fonseca confirmou, o Rodolfo idem, e lá fui para São Paulo, para cirurgia.Uma viagem de cão, sem posição. Chegando lá, tudo se providenciando e me mandaram para a hemodinâmica. Um cartuchão fechando a artéria femural.Não desentupiram com uma espécie de “roto-rooter”. Me fizeram a proposta de cortar mais um pedaço ou usar uma droga que poderia agir como um “diabo verde”, mas poderia me dar um sangramento que eu poderia ficar como uma torneira aberta, no estômago,no intestino ou principalmente no cérebro.E poderia morrer. Como não tenho vocação para salaminho, topei, e felizmente deu certo. Tudo beleza!
Só que meus filhos haviam pedido que, já que iriam me deixar todo contrastado para ver as artérias, que olhassem também o coração. E ali acharam encrenca: uma obstrução na coronária direita anterior, de só 95%. Eu estava com a espada sobre a cabeça e não sabia. Ia cair durinho a qualquer hora, ou então “acordar morto”. Novos planos, etc, e me colocaram um stent. E quando os cardiologistas lhes disserem que isso não dói nada, que é coisinha simples, podem mandá-los para aquele lugar, pois “dói pra burro”, principalmente como no meu caso, em que não puderam usar a artéria ilíaca para a entrada do cateter e tiveram de dissecar o braço. Minha mulher me pediu que quando tiver agora alguma outra coisa, que seja uma sinusite, uma dor de dentes, uma gripe, como todos os outros mortais!
Olhem, como medico talvez eu não devesse lhes dizer isso, mas vou falar: quando colocam o tal do stent e o abrem ( é uma molinha que comprime e afasta a obstrução ), a dor é de enfarte, no peito e no braço esquerdo. E dura 5 horas.
O Rodrigo Marques, quando soube que eu tomei o fibrinolítico, disse: Bem feito! É para você sentir na pele! Sabe o que aconteceu? Há alguns anos,ele, apesar de novo, teve um enfarte. Com medo de morrer, e como tem mais pavor de injeção do que tinha o pai dele, o JK, mandou me avisar. Fui ficar com ele e constatamos o enfarte. Como não tinha cardiologista na área e o negocio estava ficando feio, São Pedro puxando de um lado e ele, teimoso, se agarrando nas gramas e em tudo por aqui, mandei a enfermagem aplicar a estreptoquinase, que era o trombolítico da época. O hominho imediatamente ficou uma beleza. Todo desentupido, lisinho e feliz, pois a dor passou na hora. Algum tempo depois, quando lhe disse o que eu havia feito, e que o medicamento poderia tê-lo matado, que poderia ter tido um derrame, etc, sabem o que ele me disse: — Irresponsável!!! O caboclo estava já íntimo do andar de cima, como disse, e ainda reclamou! Se fosse como antigamente, nos paises árabes, ele teria de ser meu escravo!!!
Agora vou ficar afastado de cama por todo o mês de março. Vou fazer como alguns colegas: só tenho vaga para daqui a 1 mês, ainda que às vezes a agenda esteja às moscas... Estou brincando. Meu filho Marcelo, tendo acabado seus 3 anos de residência em oftalmologia, está montando seu consultório no centro da cidade, e enquanto isso está atendendo em meu consultório. E meus clientes que foram com ele, estão gostando! É só ligar para minha secretaria, 3622-1709.

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