Doutor, eu quero que o senhor me peça um raio x de cabeça porque acho eu acho que estou com sinusite, e quero também uma dosagem de glicose porque minha mãe era diabética e eu acho que nessa idade eu já posso estar. E eu quero também um atestado dizendo que eu estive aqui e que não vai dar para ir trabalhar hoje e nem amanhã cedo. Cochichando: sabe? É que amanhã preciso provar uma costura e não vai dar pra ir à fábrica...
Começou mal, não? Quem é o médico afinal de contas? Quantos anos essa pessoa estudou para dar assim um diagnóstico que não é dos mais fáceis mesmo para quem tem experiência? Será que essa pessoa conhece a etiologia e incidência de diabetes para vir assim tão esperta? Por que não monta um consultório de adivinhação? Poderia ficar rica, não? E a história de atestado? Quer malandragem e quer o médico como aliado?
Está tudo errado. Está errada essa história de exigir e o médico aceitar pedir mil exames, muitas vezes feitos a toa e geralmente até prejudiciais, quando feitos em excesso. Por exemplo, uma vez atendi a uma criança cujos pais me trouxeram 3 tomografias de crânio, feitos em 3 lugares diferentes, pois os pais não acreditaram que não havia nada errado e estavam duvidando dos médicos e das clinicas de radiologia. E a criança levou um bombardeamento de raios x!
E outra coisa: dizer que vai fazer um punhado de exames porque tem unimed, tem ceam e não vai pagar nada. Que bobagem. Será que não sabe que todos trabalham sob planilhas, e que se muitos pensarem assim fatalmente vão pagar mais na hora da renegociação?
E as tapeações dos médicos? É comum algumas pessoas, principalmente de determinada origem, ligarem para o consultório e dizerem: ah! Fulana de tal trabalha comigo, é pobrezinha, está com dor nos olhos e não pode pagar a consulta. Faz por metade? Claro que aceitamos, pois não vamos deixar ninguém sem socorro. E eis que nos chega alguém toda arrumadinha, chic, provavelmente nora da pessoa que ligou, que vem junto, essa rindo com um riso sem-vergonha, achando-se muito esperta, muito inteligente!... Triste, não? E essas mesmas pessoas, quando vão se consultar, tem ainda a cara de pau de não marcar consulta, ficar na sala de espera como alguém que vai disparar numa maratona, e na primeira saída de cliente tenta entrar, passando na frente dos outros. Ao menos no meu caso faz meia volta, volver, e tem de esperar, se quiser. Uma outra vez um grande comerciante da cidade me ligou, pediu para marcar uma consulta para seu funcionário e depois me ligou novamente, pedindo se poderia atender seu irmão, dentro do mesmo pagamento!!! E esse cara ganha 1.000 vezes mais que eu!
Outra coisa: logicamente ninguém gosta de esperar, mas as vezes acontece de um paciente ter um problema um pouco mais sério e termos de gastar mais tempo com ele. Medicina é isso. É claro que se a demora for muita, o médico tem de chegar à sala de espera e dar uma justificativa, mas meia hora, ou pouco mais, é normal, não? Será que quem espera não gostaria de ser tratado do mesmo modo?
E as agressões a médicos nos consultórios? Se o doutor for meio magrinho, meio pequeno, arrisca-se a levar um empurrão, um soco porque não quis dar um atestado falso. Já com os grandes ninguém se arrisca e engole a frustração. Come o sapo que criou...
Como é, pessoal? Todos firmes com a idéia de ninguém votar em ninguém enquanto não resolverem o problema do tratamento do câncer em Itajubá? Vamos mostrar que não somos tão idiotas quanto eles pensam. A liberação é simplesmente política. Se houver algum político aqui, ele libera. Se não liberar, não é político, e se não for, para que votar nele?
terça-feira, 17 de abril de 2007
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